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Quais os desafios da utilização da Inteligência Artificial (IA) na formação dos profissionais da Medicina Veterinária e da Zootecnia?

Veja como tecnologia vem se consolidando como uma ferramenta indispensável na formação de profissionais, especialmente nas áreas da Medicina Veterinária e da Zootecnia.
IA no ensino da Medicina Veterinária e da Zootecnia

A inteligência artificial (IA) vem se consolidando como uma ferramenta indispensável à formação de profissionais, especialmente nas áreas da Medicina Veterinária e da Zootecnia. O conjunto de tecnologias se apresenta não apenas como uma inovação, mas como um aliado na preparação de futuros profissionais para um mercado de trabalho competitivo e dinâmico.

Quem explica isso é o doutor em Inteligência Artificial pelo Instituto Francês de Pesquisa em Informática e Automação, Sofiane Labidi. “O uso da IA tem o potencial de transformar significativamente as profissões, especialmente ao automatizar tarefas repetitivas, permitindo que os profissionais se concentrem em atividades mais complexas e criativas. No contexto da Medicina Veterinária e da Zootecnia, os profissionais precisarão se adaptar a essas transformações, aprimorando habilidades complementares, como o pensamento crítico e a criatividade para se manterem competitivos em um mercado cada vez mais tecnológico”, avalia.

A inteligência artificial refere-se a sistemas computacionais projetados para realizar tarefas que normalmente requerem cognição humana, como reconhecimento de fala e tomada de decisões.

A IA generativa oferece oportunidades para criar conteúdos personalizados, realizar simulações realistas e análises de desempenho, elevando a qualidade do ensino e tornando-o mais acessível e adaptado às necessidades individuais de cada aluno. Além disso, a tecnologia se destaca pela capacidade de gerar conteúdos a partir de dados e padrões aprendidos. Modelos de linguagem como o ChatGPT, o Gemini e o Perplexity são exemplos disso, utilizando algoritmos avançados para gerar respostas coerentes a partir de prompts específicos fornecidos pelos usuários.

A tecnologia também proporciona diversas possibilidades e aplicações práticas no ensino da Medicina Veterinária e da Zootecnia. Desde a personalização do aprendizado e a criação de conteúdo até a avaliação e o suporte ao estudante.

“Podemos citar como aplicações de IA as plataformas de aprendizagem adaptativa, os simuladores de cirurgias e procedimentos, a simulação de casos clínicos e de manejo animal e a otimização de práticas de manejo e nutrição animal, melhorando a gestão de rebanhos e o bem-estar dos animais, bem como, o aprimoramento do diagnóstico, o tratamento de doenças e a análise de grandes volumes de dados relacionados à saúde animal e à produção zootécnica. Além da personalização do aprendizado, as ferramentas de IA oferecem oportunidades para automatizar tarefas, aprimorar a pesquisa e promover a acessibilidade”, destaca Labidi.

Desafios – No entanto, a implementação da IA no ensino superior ainda enfrenta desafios. A falta de conhecimento e capacitação dos docentes, a resistência à mudança, as questões éticas e de privacidade, a necessidade de infraestrutura adequada e o custo de implementação e manutenção das tecnologias de IA são as principais barreiras.  “É preciso também alertar sobre os riscos da dependência excessiva da tecnologia, que pode levar à negligência do desenvolvimento de habilidades humanas essenciais, como a empatia, fundamentais para o exercício dessas profissões”, afirma o doutor em IA.

A problemática ainda é recente e embora muitas instituições de ensino superior no Brasil estejam cientes dos desafios impostos pela inteligência artificial, poucas delas definiram suas estratégias para integração da ferramenta. Ainda assim, algumas universidades dão passos importantes nesse segmento, como por exemplo: a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, que lançou o AIoTLab, um centro de pesquisa e desenvolvimento focado em Inteligência Artificial das Coisas (IoT), aplicável às áreas prioritárias como Educação e Saúde.

Ainda não há uma regulamentação ampla e específica para a adoção da IA no ensino superior nas universidades brasileiras. Apesar disso, existem instituições que estão desenvolvendo políticas internas e diretrizes para guiar a implantação dessas tecnologias. “Essa autorregulamentação é um passo importante para lidar com as questões éticas e de privacidade que surgem com a implementação da IA na educação. Em nível federal, tramita no Senado o Projeto de Lei 2.338/2023, inspirado na Lei Europeia (“EU AI Act”), que dispõe sobre o uso da IA definindo princípios, direitos, deveres e instrumentos de governança. A previsão é que esta lei seja aprovada ainda este ano”, reforça Labidi.

O impacto da inteligência artificial é profundo e abrangente. A automação de tarefas repetitivas permite que os profissionais se concentrem em atividades mais complexas e criativas, o que pode levar ao desaparecimento de algumas funções, mas também ao surgimento de novas oportunidades em áreas como desenvolvimento de software e análise de dados.

À medida em que avançamos para um futuro ainda mais digital e interconectado, a colaboração entre educadores, desenvolvedores de tecnologia e formuladores de políticas será essencial para garantir que a IA seja utilizada de forma responsável e eficaz no ensino superior, preparando os estudantes para um mercado de trabalho em constante evolução, garantindo que a inteligência artificial seja utilizada de forma responsável e benéfica para todos.

A revolução e as mudanças trazidas pela IA podem ser transformadoras, prometendo uma nova era no auxílio da formação de profissionais, nos métodos de ensino tradicionais e na prática da Medicina Veterinária, da Zootecnia e de outras áreas.

As tecnologias fazem parte do nosso dia a dia. Além de ChatGPTs, temos Alexas, Siris, programas de áudio e vídeo, e muitos outros assistentes disponíveis que não podem ser ignorados. Até que ponto esse alcance também fará parte do nosso cotidiano na educação e no ensino?

O futuro chegou. E você, está preparado?

IA

A seguir, o doutor em Inteligência Artificial Sofiane Labidi ilustrou algumas estratégias para a aplicação da IA generativa no ensino superior que poderiam acelerar a implantação de novas tecnologias e assegurar uma abordagem ética, eficiente e alinhada com as demandas do futuro educacional.

  • Estratégia – Para implementar a IA no ensino superior de forma eficaz, é essencial que isso seja realizado de forma estratégica, abrangente, integrando os aspectos tecnológicos, pedagógicos e organizacionais.
  • Atualização curricular – Existe a necessidade de uma revisão e de uma atualização curricular que deve priorizar a inclusão de conteúdos de IA, tanto em disciplinas específicas, como em ferramentas de apoio em diversas áreas do conhecimento.
  • Plataformas de e-learning – As plataformas de e-learning, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), devem utilizar a IA para personalizar o ensino, atendendo às necessidades individuais dos alunos e promovendo um aprendizado mais eficiente.
  • Investimento em capacitação – Paralelamente, é preciso investir na capacitação contínua dos docentes, garantindo que eles estejam preparados para utilizar essas ferramentas de forma criativa e eficaz.
  • Infraestrutura Tecnológica – As instituições de ensino precisam investir em infraestrutura tecnológica robusta, como laboratórios de inovação, que permitam a experimentação e o desenvolvimento de novas aplicações de IA. A automação de tarefas administrativas e a análise preditiva baseada em IA são estratégias que podem liberar tempo para os professores focarem em atividades mais estratégicas, enquanto ambientes de aprendizado imersivos e sistemas de feedback em tempo real enriquecem a experiência educativa.
  • Parcerias – Estabelecer parcerias com empresas de tecnologia e criar redes de cooperação entre universidades são passos essenciais para garantir o avanço e a consolidação da IA no ensino superior.

Com informações do Prof. Dr. Sofiane Labidi – Doutor em Inteligência Artificial pelo Instituto Francês de Pesquisa em Informática e Automação (INRIA).

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